POR QUE SER ANGLICANO NO BRASIL?

As primeiras comunidades anglicanas no Brasil surgiram no ano de 1810 com as capelanias inglesas que atendiam, exclusivamente, as colônias inglesas. A Catedral Anglicana de São Paulo, Sede Episcopal da Comunidade Anglicana de Tubarão, foi fundada em 1873 e desde as primeiras Missas celebradas em língua portuguesa, ainda não se passaram, sequer, 20 anos. A verdade é que os ingleses não viam razão para implantar a Igreja Anglicana para brasileiros, porque, segundo eles, os brasileiros já eram cristãos.

Passados dois séculos de anglicanismo no Brasil, as duas vertentes cristãs (Anglicanismo e catolicismo) tem andado tão consonantes em matéria de fé, que muitas vezes seus adeptos nem se lembram do que os dividem!

Logo vem a tona a pergunta: se são tão parecidas, qual a razão de ser anglicano no Brasil?

A resposta mais própria para os dias de hoje está no que os anglicanos chamam de Igreja Inclusiva. Mesmo com as aberturas dadas desde o Papa Bento XVI, para que os clérigos anglicanos possam aderir a Comunhão Plena com o Vaticano, muitos anglicanos, a grande maioria, prefere ficar do lado daqueles que são excluídos dos sacramentos.

Ser anglicano não é apenas ser católico sem ser romano, é acolher na plena comunhão de Cristo e da igreja o casal de segunda união, dando-lhe, com a bênção de Deus, uma nova chance de buscar a felicidade no novo casamento; é acolher o casal homo afetivo sem discriminá-lo, nem negar-lhe a bênção sobre seu convívio familiar; é ter no homem e na mulher o filho e a filha de Deus capazes de exercerem, igualmente, os ministérios diaconal, presbiteral e episcopal; é acolher todas as pessoas, não como divorciadas, mães solteiras, héteros ou gays, mas simplesmente como seres humanos, igualmente filhos amados de Deus, sem haver qualquer distinção.

Anglicanos não querem convencer a ninguém de que eles estão certos, ou de que seus conceitos são a expressão da pura verdade. Essa preocupação passa longe do anglicanismo. Para os anglicanos, é bom que cada pessoa fique onde se sente bem. O que os anglicanos querem é simplesmente proporcionar àqueles que por qualquer razão foram privados da comunhão, assim como a qualquer filho de Deus, o direito de se achegar ao Cristo e se sentir amado por Deus e por seus irmãos, do jeito que é, do jeito que pensa, do jeito que crê.

Por fim, a Igreja Anglicana é o jeito de ser igreja, para quem não gosta do jeito da Igreja ser.

Rev. Julio Zamparetti